O Sousa da casa que continua a fazer milagres

O dia 6 de maio de 2018 será para sempre inesquecível para o tenista João Sousa. Depois de anos de expectativa – apesar de nunca ter atingido a final -, tornou-se no primeiro português a vencer o Estoril Open, único torneio do circuito ATP World Tour realizado no nosso país, contrariando a sabedoria popular de que ‘santos da casa não fazem milagres’. Um “sonho tornado realidade” e “o troféu mais importante da carreira”, como declarou, ainda no court, após vencer a final frente ao americano Frances Tiafoe.

Com o triunfo ‘em casa’, João Sousa chegou ao número 47 do ranking ATP e culminou uma semana em que tinha eliminado Kyle Edmund, número 19, e Stefanos Tsitsipas, que estava na posição 43. Mais uma demonstração de força e talento daquele que é, indiscutivelmente, o melhor tenista português de sempre e que desde 15 de julho de 2013 não sai do top 100 mundial.

O próprio atleta tem consciência desse papel que tem tido, pelo seu protagonismo, no que toca à disseminação da modalidade em Portugal: “Penso que é muito importante para os jovens e fãs do ténis verem um português a jogar com os melhores do mundo. Os media dão mais atenção à modalidade, o que atrai mais fãs e leva a um maior desenvolvimento da modalidade”, disse, em 2016, à Revista RUA.

O troféu arrecadado no Estoril não é de somenos, também, pelo facto de ter sido ‘apenas’ o terceiro de João Sousa em torneios ATP World Tour, depois de Kuala Lumpur, em 2013, e do Open de Valência, em 2015. Ainda antes, destaque para a vitória conseguida na terra natal, no ATP Challenger de Guimarães, em 2013.

A viagem de João Sousa no “sonho de ser tenista profissional”, como contou à nossa revista, começou aos sete anos, no Clube de Ténis de Guimarães. Aos 14 anos, decidiu deixar o futebol, que acumulava com o ténis, e aos 15 anos foi para Barcelona, onde já passou metade da sua vida – tem 29 anos – e onde treina e reside até hoje.

O atleta faz sempre questão de enaltecer a ajuda e o papel da sua família e da equipa técnica durante estes anos, nunca descurando também o esforço a que ele próprio esteve sujeito. Como explicou à Revista RUA, “cada pessoa tem as suas aptidões físicas, técnicas, mentais, genéticas… Depois é o trabalho e dedicação a um desporto/profissão que leva uma pessoa a atingir resultados”.

Já com muita experiência acumulada na alta-roda do ténis mundial, João Sousa não estabelece objetivos concretos quanto ao que ainda pode ser a sua evolução. No rescaldo da vitória no Estoril Open, e com a tal subida ao lugar 47, admitiu, em entrevista, que “todas as semanas temos um ranking novo e uma oportunidade para jogar ainda melhor a cada semana. Esta subida no ranking é muito boa, também para poder disputar torneios ainda maiores. Espero continuar a jogar a um grande nível, para poder alcançar bons feitos”.

Porém, ainda antes da sua conquista em solo nacional, no programa MaisFutebol, da TVI24, o tenista não se imiscuiu de apontar Alexander Zverev – número 3 do mundo, que João Sousa venceu, em Indian Wells, no passado mês de março -, Nick Kyrgios, Borna Coric e Hyeon Chung como jogadores que podem, a breve trecho, acabar com o domínio de Roger Federer e Rafael Nadal.