Rodrigo Soares: “No que toca ao exercício físico, treino até onde o corpo se sentir bem”

Da moda saltou para o grande ecrã e desde 2009 que nunca mais parou. Com uma carreira sólida que vai intercalando entre a televisão e o cinema, Rodrigo Soares tem traçado um percurso de sucesso na área da representação. A prova disso foi a sua participação mais recente em dois grandes projetos, um deles internacional: estreou-se em Alta Mar (2019), uma reputada série espanhola da Netflix, e também em Terra Nova, a série de Joaquim Leitão que chegará também brevemente às salas de cinema.

Nas redes sociais, o ator vai partilhando diariamente um pouco da sua rotina, na qual o desporto e a alimentação saudável espelham o seu estilo de vida ativo. Rodrigo Soares fala-nos da sua estreia nesta série espanhola original da Netflix, da importância da participação em Terra Nova e o gosto que tem por este projeto e, principalmente, as suas motivações e o modo de estar na vida.

Rodrigo Soares na primeira pessoa:

Rodrigo Soares, 40 anos no BI (30 de cabeça e alguns dias 15), ator e ex-modelo internacional. Gosto de me definir, acima de tudo, como um bom ser humano, curioso pela vida no geral e pelas pessoas em particular. A minha paixão sempre foi conhecer todo o tipo pessoas (secalhar por isso sempre me interessei por psicologia e andei em Sociologia na universidade), observá-las e conhecê-las para além da capa que, uns mais outros menos, todos vestimos. Portanto, penso que a minha maior característica é ser curioso e isso leva-me a todos os interesses que adquiri e que vão formando o resto da minha personalidade.

Se quiser resumir sou bastante direto: não gosto de injustiças, não gosto de faltas de civismo, não gosto de meias palavras e odeio fazer fretes…sou também um bocado palhaço e gosto de gozar com as pessoas (sempre numa base cómica e não depreciativa). Acho que a vida se torna muito mais leve se a levarmos com sentido de humor. Odeio ambientes pesados e sou sempre o primeiro a tentar quebrar o gelo, se não conseguir prefiro afastar-me. Como já disse, não faço fretes.

Imagens ©D.R.

Estamos ainda a viver esta fase atípica da pandemia, mas de que forma lidou com a necessidade de isolamento social e o que é que considera que poderá ter mudado na sua vida?

Eu sou bastante adaptável às situações. Desde cedo que as minhas rotinas mudavam drasticamente (ora estava em casa ora estava a viajar pelo mundo quando era modelo) e acho que isso me ajuda a adaptar a qualquer situação. E convenhamos que há coisas muito piores que poder ficar em casa e todos os dias serem “domingos”. Não me parece que alguma coisa vá mudar drasticamente no meu modo de vida, pois já levava uma vida bastante consciente da época em que vivemos. Em termos ecológicos e higiénicos faço o que posso e espero que isto faça com que as pessoas parem de pôr o lixo na rua, parem de tossir sem ter cuidado com as outras pessoas, parem com aquele hábito tão “tuga” de cuspir para o chão… O que vai mudar para todos é que vamos ter muito mais regras impostas nestes âmbitos e isso parece-me bem.

Foi possível manter os hábitos saudáveis durante este período, mesmo estando em casa? Como é que se consegue manter o foco? Que dicas daria?

Bem, como já disse, sempre mudei muito de casa e cidade e não era comportável estar inscrito num ginásio sempre que chegava a algum sítio novo. Por isso, o treino em casa sempre foi algo que eu fiz quando tinha necessidade. Não tenho nenhuma dica em especial a não ser o não exagerar. Claro que custa estar a fazer flexões na sala ou abdominais no chão. Geralmente as pessoas começam com tudo, treinam uma hora no primeiro dia e talvez meia hora no segundo e depois acaba-se a vontade. O que é perfeitamente normal. Por isso, acho que, desde que não sejam culturistas ou atletas profissionais, se fizerem uns 15 minutos diários já é muito bom e dá para manter a forma. Depois é controlar o que se come e essa, sim, é a parte difícil.

O que é que tem mais vontade de fazer quando a vida voltar à normalidade?

O que me custou mais foi não poder ir almoçar à beira mar. Comer um bom sushi e beber uma sangria sentado numa mesa com vista para o mar, que é algo que me faz falta. A falta dos meus amigos também, se bem que hoje em dia podemos manter o contacto através de todas as formas que se conhecem, isso ajuda a mitigar esse facto. Um banho de mar também é algo que quero fazer e foi a última coisa que fiz no último dia em que se pôde sair. Preciso de mar na minha vida!

No ano passado estreou-se no grande ecrã da Netflix, em Alta Mar. Pode falar-nos um pouco da sua personagem nesta série espanhola e quais foram os maiores desafios deste projeto?

É verdade, foi uma grande e boa surpresa. Fiz um casting por vídeo (selftape) e enviei. Fiquei à espera durante meses e achava que já não ia ficar. Até que a minha agente me liga numa segunda-feira a dizer que na quinta-feira seguinte tinha que estar em Madrid para filmar. Fui de carro até Madrid com a minha namorada, que ficou lá a primeira semana, e aproveitei para ler o guião na viagem. Sabia que era para fazer um polícia brasileiro, o Tenente Cardoso, e que queriam alguém que falasse espanhol, mas com sotaque brasileiro, por isso a preocupação de ter de falar um castelhano perfeito não existia. O que foi bom porque falo bem espanhol, mas não sem sotaque. Portanto a única dificuldade foi mesmo aquele nervoso do primeiro dia de estar numa produção tão grande e com tanta gente e onde, pela primeira vez, não conhecia ninguém, a não ser o Jon Kortajarena, que era o protagonista e com quem eu já tinha trabalhado enquanto modelo. Foi uma boa surpresa.

Quanto ao personagem, ele entra no final da segunda temporada e sem querer ser spoiler para quem não viu, arrisco a dizer que é o personagem que se revela mais preponderante para o final dessa temporada. Fiquei muito contente por trabalhar com atores bastante conhecidos em Espanha e numa série que faz muito sucesso lá e no Brasil também. Acho que os portugueses ainda não a descobriram, mas vão muito a tempo e já têm a 3ª temporada disponível.

Rodrigo Soares, em Alta Mar.

Gostávamos de conhecer também um pouco do seu estilo de vida. O desporto sempre fez parte da sua rotina?

Sim, desde os seis anos que faço desporto. Comecei na natação, que ainda pratico hoje em dia, já fiz judo, remo, bodyboard, e há dois anos descobri o kickboxing e apaixonei-me. Tento levar um estilo de vida saudável no que toca à alimentação (deixei de comer carne há três meses), bebo muita água e especialmente chá e, tirando o chocolate, não como muitos doces ou fritos. Não sou fundamentalista em nada na minha vida e neste aspeto também não. Se for ao Porto não saio de lá sem comer uma francesinha e no que toca ao exercício físico também treino até onde o corpo se sentir bem. O segredo é o equilíbrio.

Com que frequência treina semanalmente? Mesmo quando está a gravar algum projeto, tenta manter as suas rotinas de treino?

Sim, um dos segredos é nunca parar muito tempo, porque depois é muito difícil voltar. Portanto, sempre que posso, ou vou ao ginásio ou dou uma corrida à beira rio. Não me permito ficar mais de uma semana sem fazer nada de desporto.

Percebemos que kickboxing e bodyboard são duas das modalidades que mais gosta de praticar. O que é que cada uma lhe proporciona ou o que é que lhe desperta maior interesse nestas modalidades?

O bodyboard começou muito cedo com uma prancha de esferovite, devia ter uns cinco/seis anos. Os meus pais sempre me incutiram o respeito pelo mar (e não o medo) e por isso fui-me sempre aventurado mais um bocadinho. Quando era “puto” ia para a Costa de prancha às costas. Era um comboio até Belém, apanhar o barco e ainda um autocarro ou a pé até ao S. João. Confesso que não sei como é que tinha motivação. Hoje em dia só faço de vez quando, levo a prancha no carro e tem de estar calor e o mar nem muito grande, nem muito pequeno. A minha motivação atualmente é ensinar a minha namorada para ela ir comigo apanhar uns “vagalhos”.

Quanto ao kickboxing sempre quis experimentar e tive a sorte de ir parar a um grupo muito bom no Jazzy Fight Club. As pessoas que não praticam acham que é uma violência, mas garanto que nunca vi tanto respeito pelo próximo em nenhum dos desportos que pratiquei. Há regras de conduta e a única “violência” são os aquecimentos e os treinos que nos fazem sair de lá de rastos. Para mim a sensação final do treino é a melhor. Sentes que deitaste tudo cá para fora.

A par de uma rotina desportiva, a alimentação saudável também é uma prioridade? Que cuidados procura ter ao nível da alimentação? Considera que é fundamental para conseguir atingir qualquer objetivo?

Tento ter o máximo cuidado com o que como. Mas no fundo tenho sorte, porque nunca se comeram muitos doces ou fritos em minha casa. Dado o meu pai ser cardiologista, desde cedo que tive noção do que fazia bem e mal e, por isso, habituei-me a ter bons hábitos sem, claro está, deixar de comer uma francesinha se me apetecer. Beber muita água também é essencial.

A participação em Terra Nova é uma das mais recentes apostas da sua carreira. Pode-nos contar um pouco deste projeto e da sua personagem?

Foi sem dúvida o projeto que mais prazer me deu fazer até hoje. É passada na época da pesca do bacalhau e o meu personagem, o Filipe, é um feirante com uma história bastante dramática e com cenas muito fortes, nas quais tive a sorte de ser dirigido pelo Joaquim Leitão, o que já por si é uma aventura. Ele tem uma maneira de dirigir muito própria e altera as cenas no momento se achar que algo não  faz sentido, seja fisicamente ou no texto, o que leva a um exercício de adaptação ao minuto. No primeiro dia assustei-me, mas no final agradeci todos os dias pela oportunidade que ele me deu de evoluir ao longo daquele trabalho sob a sua batuta.

É uma série que espero que os portugueses abracem, pois para além de ser a história do nosso país, tem um enredo, meios técnicos, direção e atores do melhor que temos em Portugal.