Opinião: o que distingue o método de Pilates Clínico?

Vamos começar a nossa reflexão por aquilo que está na moda: Pilates.

Desde que a palavra “Pilates” (outubro, 2000), foi aceite como uma designação genérica de um método de exercícios (tais como o Kung Fu ou Yoga), que a sua abrangência é globalmente aceite, dando origem a novos estúdios, a programas de Certificação de Professores, a abertura ao mundo do fitness e a criação de novos conceitos utilizando-se como “chamariz” a palavra “Pilates”.

Imagens ©D.R.

Atualmente o método Pilates ensina-se nos principais países de todo o mundo e são mais de 12 milhões de pessoas que praticam este método (dados de 2015). Como curiosidade, nos EUA constatou-se um crescimento do número de praticantes ativos de 1,7 milhões em 2000 para 10,6 milhões em 2006. Impressionante!

Naturalmente, todo o crescimento tem um preço e a indústria do Pilates não é uma exceção. Hoje, Pilates pode ser encontrado em todos os ambientes possíveis. É ensinado em estúdios particulares, instituições académicas, academias, ginásios, health clubs, clínicas médicas, etc. É utilizado com clientes que vão desde os atletas de elite a pessoas com capacidades limitadas, cujo motivo pode ser doença ou lesão. Grupos etários que vão desde o jardim de infância a pessoas perto dos 90 anos, que desfrutam dos benefícios do método Pilates.

Há porventura outro método capaz de abranger uma variedade tão grande de praticantes? Essa é a magia de Pilates. É um método extremamente adaptável e essa é, certamente, uma das razões para o seu boom de popularidade.

Face a este pequeno enquadramento, importa perceber: o que é o Pilates Clínico?

“Resolver as doenças humanas por métodos de correção e prevenção, em vez de métodos de cura. Isso é o que faz o meu método” (Joseph Pilates).

Vamos desde já esclarecer uma premissa: Pilates é clínico.

Chamar Pilates Clínico é uma redundância, mas dar o nome de “Pilates Clínico”, fica bem! Dá ao Pilates um estatuto mais sério, mais relacionado com a saúde, com a doença, e atribui-lhe um estatuto terapêutico.

Estabelecendo uma analogia rápida e simples, é como comprar um creme no supermercado. Se um creme está na prateleira do supermercado é uma coisa. O mesmo creme numa farmácia é “clínico”. É como a bata de um médico ou outras áreas onde a bata faz parte da indumentária. (como exemplo). Dá-lhe estatuto e autoridade. Assim a palavra “clínica” associada a qualquer coisa e/ou atividade confere-lhe dignidade, personalidade, respeitabilidade, distinção, etc.

Agora, onde encontrar o Pilates Clínico? Fácil! Qualquer clínica tem pilates clínico ou então é possível conhecer este método em ginásios, health clubs ou outros, que se encontram sob a orientação de fisios. Emborem gostam de referir que “o seu pilates” é clínico, de clínico não tem nada. Passear à beira-mar também pode ser clínico. Fazer uma aula de cycling in door também pode ser clínico. Entrar numa box e realizar um treino também pode ser clínico. Ir às compras ou ao shopping, também é clínico. Assim, a palavra “clínico” pode ser perspetivada de diferentes formas.

No que diz respeito ao Pilates, e a forma como o “Pilates Clínico” se apresenta ao público, é meramente marketing. Veja-se a quantidades de aulas de grupo que existem e atribuem a uma aula (mais de 20 pessoas) o nome de “Pilates Clínico”.

Pilates não são exercícios isolados e fragmentados que são colocados ao sabor de cada um. Isso não é Pilates e muito menos clínico.

Agora, visto por outro lado: traz mais pessoas para a atividade física? Sim! Divulga o método? Sim! Ajuda as pessoas a sentirem-se bem? Sim! As pessoas vêm resultados? Sim! Então? Então, viva o “Pilates Clínico”.

Pilates não é fisioterapia, mas é um excelente exercício terapêutico

Em suma e para que as pessoas percebam: Pilates, por si só, já é clínico. Agora, estou a falar de Pilates.