Quais são os efeitos da ingestão de bebidas alcoólicas no nosso organismo?

As bebidas alcoólicas são bebidas que contêm etanol e que podem ser fermentadas ou destiladas: as bebidas fermentas são bebidas com um teor alcoólico mais baixo, como o vinho, a cerveja e a cidra, enquanto as bebidas destiladas são bebidas, como licores e aguardentes, que possuem um teor alcoólico bastante maior.

O álcool é considerado uma substância tóxica e psicoativa, o que significa que atua no sistema nervoso central, diminuindo a sua atividade e alterando temporariamente a função cerebral, modificando a perceção à dor ou ansiedade, sendo frequente um efeito euforizante inicial e posteriormente um efeito de sonolência. Por esta razão, apesar de ser considerado legal na maior parte dos países, há restrições para o seu consumo especialmente, relativamente à idade.

A idade de início de consumo é cada vez mais precoce e assiste-se a um aumento do consumo excessivo num curto espaço de tempo. Segundo o Inquérito Nacional de Saúde de 2014, 70% da população com mais de 15 anos tinha consumido bebidas alcoólicas nos últimos 12 meses, sendo que metade da população com menos de 35 anos afirmava ter tido um consumo arriscado (seis ou mais bebidas numa única ocasião) no mesmo período. Em 2015, num inquérito realizado a nível europeu, em Portugal, 10% da população afirmou ter atingido um estado de embriaguez nos últimos 12 meses. Foram consideradas as bebidas mais consumidas: o vinho, seguido da cerveja e bebidas espirituosas.

Em termos nutricionais o álcool é considerado bastante calórico, fornecendo cerca de 7kcal por grama. Tendo em conta que são “calorias vazias”, ou seja, que não fornecem qualquer tipo de nutriente que enriqueça a alimentação, não são interessantes do ponto de vista nutricional. Em média um copo de vinho tem cerca de 180kcal e um gin 283kcal.

O álcool está implicado numa variedade de doenças e problemas de natureza legal e social, estando na base do aumento da predisposição para diversas doenças, assim como para o agravamento de outras, como doenças cardiovasculares, oncológicas, digestivas, entre outras. Apesar de muitas vezes se achar que os malefícios do álcool estão apenas relacionados com dependência severa, isso não é verdade e sabe-se que um consumo exagerado já constitui um fator de risco para acidentes, traumatismos e problemas sociais.

Para além destes, o consumo de álcool pode levar a:

  • Doenças no fígado (hepatite alcoólica, cirrose, cancro)
  • Doenças do pâncreas
  • Doenças do esófago
  • Doenças do sistema nervoso (depressão, suicídio, impotência, esquizofrenia)
  • Perda de consciência e confusão (acidentes de viação, violência familiar, homicídios, afogamentos, violações)
  • Insucesso escolar
  • Doenças cardiovasculares
  • Infertilidade

A intoxicação aguda por álcool tem sintomas variáveis e depende da quantidade e qualidade da bebida alcoólica, assim como da tolerância de cada pessoa. No entanto dividem-se em três fases:

1ª fase: quando ocorre excitação com euforia, diminuição da tensão e ansiedade, podendo surgir ligeira agressividade. A taxa de alcoolémia encontra-se entre os 0,8g a 2g/litro;

2ª fase: ocorrem alterações ao nível da atenção, sensibilidade, coordenação motora e do equilíbrio e onde podem surgir sintomas como náuseas e vómitos. Geralmente, a taxa de alcoolémia nesta fase é superior a 2g/litro;

3ª fase: ocorre confusão e sono profundo, que pode progredir para coma ou mesmo morte. A taxa de alcoolémia pode atingir 5 a 6g/litro.

A eliminação do álcool faz-se de duas formas: através dos pulmões (cerca de 10%) e, por isso, é possível verificar a taxa de alcoolémia através do ar expirado e através do fígado (90%). No fígado, o álcool vai ser oxidado por enzimas, estas encontram-se em diferentes quantidades no homem e na mulher e, por isso, se a mesma quantidade de álcool for ingerida por um homem e por uma mulher, a mulher irá manter o álcool no sangue durante mais tempo, enquanto que o homem, irá conseguir eliminar o álcool mais rapidamente. Esta é a razão pela qual os consumos máximos na mulher são mais baixos relativamente aos do homem.

Desta forma, o álcool deve ser encarado como uma substância que pode trazer consequências bastante nocivas e, para além disto, pode ser um fator que prejudica a perda de peso, devido ao seu elevado teor calórico e que muitas vezes não é contabilizado. Lembre-se que o consumo de álcool também promove a desidratação e por isso deve intercalar a ingestão de bebidas alcoólicas com água.