Opinião: o que distingue o Pilates Contemporâneo?

O chamado Pilates Contemporâneo (moderno, atual, em vigor), é o Pilates da “moda”. É um Pilates que, face às bases científicas atuais, proporciona outro tipo de Pilates, neste caso, considerado mais evoluído.

Neste Pilates Contemporâneo, todas as áreas do Fitness e afins entram aqui. É como se fosse um grande “saco” que fica bem a todos os que acham que podem acrescentar valor ao Pilates Autêntico ou Clássico. Vemos instrutores influenciados por outras áreas a implementarem e acrescentarem novos exercícios, novas técnicas e aplicarem e utilizarem outros materiais – que não os do Pilates Autêntico – criando-se assim uma “mescla de Pilates”.

A anarquia está implementada. Não é por acaso que aparece a PMA (Pilates Method Alliance) a tentar criar alguma regra para que a técnica original e os seus exercícios se mantenham originais (dentro do possível). Ainda assim, há tantos Pilates que ninguém se entende. Muitos instrutores refugiam-se na cédula da PMA para lhes dar estatuto e créditos perante um público pouco ou nada informado. Como se bastasse dizer ou anunciar que é “PMA”.

Imagens ©D.R.

Todos inventam e conseguem dentro dos exercícios originais de Pilates criar e inovar novos exercícios. Conseguem articular dentro dos aparelhos inventados por Pilates novos aparelhos, novas adaptações, novos tipos de materiais, mas também realizar simbioses de outros aparelhos e materiais para determinados exercícios, etc. Às vezes, até para justificar as suas opções denominam o que fazem como “pilates classicontemporâneo”. Não faltam cursos e cursinhos onde a palavra chave é Pilates. Também aqui o marketing está bem instituído e divulgado. Um dos aspetos interessantes “deste Pilates” é um conceito que emana na sua génese. O conceito de “coluna neutra”. Conceito que qualquer instrutor de Pilates enuncia sempre na realização de qualquer exercício.

A relação entre o número de estúdios do Pilates Contemporâneo para o Pilates Clássico ou Autêntico é impressionante. Basta ver a quantidade de estúdios que existem na cidade do Porto e de Lisboa (como referência) e veja-se a sua linha de trabalho.

Há diferenças e muito acentuadas como se trabalha nesta área de Pilates.

Onde encontrar estúdios de Pilates Contemporâneo? Fácil!

A maior parte dos estúdios segue uma linha contemporânea e basta um simples olhar para o estúdio propriamente dito e ver os materiais utilizados. O primeiro indicador está nos aparelhos de Pilates propriamente ditos e utilizados (apparatus).

Para o aluno tudo é igual. São aparelhos (quando os há) que parecem ”máquinas de tortura”. Parecem aparelhos do tempo da inquisição. Para o aluno informado, ele sabe distinguir quais são os aparelhos clássicos e em particular o mais emblemático de todos: o reformer.

Associados a estes aparelhos há as bolas de Pilates; caneleiras; halteres; TRX; bosus; foam rollers; tonning balls; bandas elásticas; elásticos; discos rotacionais; magic ring; aparelhos vibratórios; kettlebel; steps; colchões; etc.

O segundo indicador está no tipo de aula. Os alunos mudam de aparelhos como se fosse uma máquina de musculação; a apresentação dos exercícios não obedece a uma metodologia (método); as aulas de grupo parecem aulas em circuito. Cada aluno está num aparelho e à vontade do instrutor eles trocam como se fossem estações. Cada estação (aparelho) é um determinado exercício que todos fazem; não há um sistema e os alunos trabalham no sistema sem que haja uma lógica; etc.

Um terceiro indicador, mais sui generis, é falar com o instrutor e verificar se há uma “linhagem”. Todo o instrutor tem um início e um certo respeito pelo seu Mestre que também ele faz questão de mostrar onde aprendeu.

Agora, independentemente do estilo do instrutor e partindo que o mesmo faz um trabalho consciente e sério e sem inventar, é bom para as pessoas? Claro que sim!

Traz pessoas para a atividade física? Sim!

Divulga o método? Sim!

Ajuda as pessoas a sentirem-se bem? Sim!

As pessoas vêm resultados? Sim!

É melhor do que estar em ginásios? Claramente!

Então? Então viva o “Pilates Contemporâneo”.

Nota: conheço imensos professores com uma linha contemporânea que admiro e respeito, embora não seja a minha linha de trabalho.